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Cuide da sua audição e viva melhor

A audição é um dos sentidos mais importantes do ser humano para a comunicação social, para a aprendizagem e mesmo para a sobrevivência. Também é capaz de nos proporcionar momentos de lazer, relaxamento e diversão, como quando ouvimos música. O aparelho auditivo é um fantástico conjunto de estruturas localizadas simetricamente em cada lado do crânio, e que é capaz de captar a energia sonora do meio ambiente e transformá-la em impulsos nervosos que são lidos e interpretados por nosso cérebro.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, atualmente cerca de 466 milhões de pessoas no mundo tem algum grau de perda auditiva, número que inclui 34 milhões de crianças. A entidade prevê ainda que este número deve aumentar para 900 milhões até 2050, e países desenvolvidos como Portugal poderão ser especialmente afetados. Isto porque estes países tendem a ter uma maior expectativa de vida, e a prevalência da perda auditiva é até cinco vezes maior em pessoas acima dos 65 anos de idade, afetando um em cada três destes indivíduos. 

As causas de perda auditiva são múltiplas, algumas simples e de fácil resolução, outras mais complexas que requerem diferentes tipos de soluções. Podemos citar como causas frequentes:

  • Acumulação de cerúmen, ou cera de ouvido;
  • Infeções bacterianas, fúngicas e virais como otites externas (frequentes na época balnear) e otites médias (frequentes na infância, no decurso de infeções respiratórias e constipações);
  • Traumatismos do ouvido – como perfuração timpânica por uso de cotonetes ou fracturas do crânio em acidentes de viação;
  • Corpos estranhos no canal auditivo – algodão, peças de brinquedo etc;
  • Certos medicamentos, como por exemplo alguns quimioterápicos usados para tratamento do cancro;
  • Hereditariedade, alterações genéticas e congénitas que podem condicionar malformações ou doenças progressivas do aparelho auditivo;
  • Ruído intenso, ocupacional ou recreativo;
  • Envelhecimento. O processo normal de envelhecimento provoca alterações progressivas nas estruturas celulares do ouvido interno. Este tipo de perda pode ocorrer mais cedo ou mais tarde, e ser mais severa ou mais ligeira, a depender de questões individuais. 

E quais os sintomas da pessoa que apresenta perda auditiva?

  • Dificuldade em ouvir com clareza sons e palavras;
  • Zumbidos, sensação de som abafado e de ouvido cheio;
  • Dificuldade em compreender as palavras, inicialmente em ambientes com ruído e posteriormente em diálogos simples;
  • Pedido frequente de repetição das palavras, de forma mais alta;
  • Necessidade de elevar o volume do som da televisão ou do rádio;
  • Isolamento e recusa em manter contactos sociais. Este isolamento poderá aumentar o risco de a pessoa desenvolver problemas emocionais (depressão) e cognitivos (quadros demenciais);
  • Nas crianças, atraso no desenvolvimento da fala, troca de fonemas e mau aproveitamento escolar.

Quando há suspeita de perda auditiva, deve-se recorrer a um Médico Otorrinolaringologista que é o especialista em doenças dos ouvidos, nariz e garganta. Na consulta, será feita uma história clínica e um exame físico otorrinolaringológico com particular atenção aos ouvidos. Para se obter um diagnóstico da causa, podem ser solicitados alguns exames complementares, sendo os mais comuns a Audiometria Tonal, a Audiometria Vocal e a Impedanciometria. São exames simples, não acarretam qualquer tipo de dor, são rápidos e de baixo custo.  Em alguns casos podem ser necessários exames adicionais como estudos eletrofisiológicos, exames de imagem dos ouvidos e análises sanguíneas.

Uma grande parte das perdas auditivas são de causas reversíveis, podendo através de tratamentos e procedimentos, ser restabelecida a audição normal. Outras, que condicionam uma perda irreversível da audição, poderão necessitar ser reabilitadas através de dispositivos eletrônicos (próteses auditivas). Estes dispositivos tiveram uma grande evolução tecnológica nos últimos anos, o que tem levado a resultados muito melhores relativamente aos aparelhos que eram utilizados há algumas décadas. Em casos mais complexos, atualmente há próteses que são implantadas cirurgicamente, melhorando muito a qualidade de vida de doentes com surdez.

Portanto, caso um indivíduo de qualquer faixa etária apresente suspeita de que não esteja ouvindo bem, aconselha-se procurar um profissional de confiança para proceder à investigação diagnóstica e instituir a correta orientação terapêutica.

“Às vezes ouço passar o vento, e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”.

Fernando Pessoa

Dr. Márcio Lima - Otorrinolaringologia

Dr. Márcio Meira Lima

Médico Especialista em Otorrinolaringologia da CSSMH