Fechámos as portas de nossa casa, não fechámos o nosso coração!

Vivemos hoje uma crise mundial, e podemos definir crise como um período de desequilíbrio psicológico. Este desequilíbrio é experienciado como resultado da vivência de um evento ou de uma situação exigente, em que os mecanismos normais de copping (esforços cognitivos e comportamentais para lidar com situações de dano, de ameaça ou de desafio) não têm resultado, causando a diminuição do funcionamento adaptativo.

Esta situação, como tantas vezes já declarada é uma situação de emergência, e situações de emergência exigem reações emocionais intensas. No entanto, grande parte dessas manifestações/reações emocionais são consideradas “normais”, principalmente tendo em conta o momento potencialmente traumático experienciado por todos nós. Torna-se então indispensável introduzir o conceito de Resiliência.

A Resiliência não é uma característica absoluta, que adquirindo-se uma vez permanece para sempre connosco. É sim resultado de um processo dinâmico e evolutivo, que depende da natureza do trauma, do contexto em que vivemos e da etapa da vida em que estamos. Ou seja, por termos sido resilientes em alguns momentos da nossa vida isto não significa que sejamos sempre, sendo por isso importante para qualquer um de nós prestarmos atenção aos nossos pensamentos, comportamentos e emoções.

Nesta nova fase em que as famílias se encontram, em que a casa passou a ser escola, em que os pais têm a missão tanto de educar, como de ensinar, a dificuldade em permanecer resiliente assume diferentes formas e graus de dificuldade.    

O conceito de Resiliência determina a capacidade da pessoa para perante uma adversidade, uma ameaça ou desafio, se adaptar psicológica, emocional e fisicamente, de modo razoavelmente bom. Resumindo, quando pensamos no conceito de resiliência, pensamos em mantermo-nos saudáveis apesar dos desafios.

Mas atenção, ser resiliente não significa uma ausência total de expressão de tristeza ou raiva ou de sintomas de ansiedade, bem pelo contrário, significa sim, sentir, reconhecer e agir.

A Resiliência treina-se, desenvolve-se, reencontra-se, e reconhecer que não estamos em determinada fase das nossas vidas a encontrar soluções para os nossos desafios é também por si só, um sinal de resiliência. Os desafios pessoais, familiares e profissionais acumulam-se e todos os dias nos surpreendem, pela imprevisibilidade e dificuldade.

Trabalhe conscientemente a sua resiliência, oiça o seu corpo, os seus pensamentos e as suas emoções!

Faça uma viagem às suas memórias e recorde-se de todos os desafios que já superou, desenhe um porquinho mealheiro e encha-o de moedas com características pessoais positivas, aos pais que lidam com crianças e que agora mais do que nunca acumulam funções, lembre-se que super-heróis e super-heroínas só em livros e não tinham empregos com horas e objetivos a cumprir, filhos e uma casa cheia de tarefas a fazer.

Aceite ajuda e procure ajuda, cuide de si, e quando os maus pensamentos vierem, tente substituí-los por pensamentos racionais, que se baseiem em verdades e não no medo. E por falar em medo, não se esqueça, ser corajoso, não é não ter medo, mas sim tê-lo, senti-lo, expressá-lo e vencê-lo!

Sozinhos vamos mais depressa, mas juntos vamos muito mais longe!

Drª. Ana Carolina Santos - Psicologia

Drª. Ana Carolina Santos

Psicóloga Clínica

Unidade de Pediatria CSSMH