A Culinária e a Terapia Ocupacional

A atividade de culinária é muito mais do que apenas a confeção de comida. O contacto intergeracional e familiar que a culinária proporciona torna esta atividade central na vida de tantas famílias, e por isso tão significativa também a nível emocional. Numa idade mais avançada, a continuação da confeção da refeição para um companheiro ou mesmo para toda a família é símbolo de independência, mas também de capacidade de cuidar.

Na área da reabilitação, a terapia ocupacional centra a intervenção da culinária como ferramenta de avaliação e intervenção a nível físico e cognitivo. Cozinhar é uma tarefa familiar da vida diária, com exigência ao nível do equilíbrio e resistência, permitindo ainda a avaliação da atenção, planeamento e resolução de problemas.

Na unidade de convalescença, alia-se o saber da equipa multidisciplinar para tornar esta atividade mais rica para os utentes. Os conhecimentos da terapia ocupacional, aliados à animação sociocultural e psicologia, permitem a estimulação das componentes funcional, social e cognitiva do utente na atividade, dinamizada uma vez por mês na sala de terapias.

Perante uma população internada, com previsão de evolução rápida e favorável no tempo de internamento, a atividade de culinária torna-se muito pertinente, quase essencial, como meio terapêutico e na reintegração dos utentes nas rotinas do dia-a-dia, para recuperarem autonomia, mas principalmente qualidade de vida.  

Rita Sousa

Terapeuta Ocupacional CSSMH