Dia Mundial da Audição: A importância dos Cuidados Auditivos

O Dia Mundial da Audição, celebrado no dia 3 de março, é uma campanha realizada anualmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a importância da prevenção e tratamento da perda de audição. Neste ano de 2024, com o tema “Façamos dos cuidados do ouvido e da audição uma realidade para todos” (“Let’s make ear and hearing care a reality for all!”), a campanha vem com o intuito conscientizar a população para a importância de quebrarmos o estigma que ainda existe na sociedade perante alguém que tem dificuldades auditivas e que necessita de ajuda.

A OMS estima que mais de 5% da população mundial tem deficiência auditiva incapacitante, o que corresponde a 466 milhões de pessoas, das quais 34 milhões são crianças. A previsão é de que este número venha a ser o dobro até 2050, e países com maior expectativa de vida como Portugal podem ser especialmente afetados. Isto porque a prevalência da perda auditiva aumenta em até cinco vezes em pessoas acima dos 65 anos de idade, afetando cerca de um terço dos idosos.

Ainda segundo a OMS mais de 80% das pessoas em todo o mundo que precisam de cuidados com a audição não os recebem. Portanto, é crucial abordar questões relacionadas ao tema para que se garanta um acesso equitativo aos cuidados adequados, pois perceções erróneas enraizadas na sociedade e mentalidades estigmatizantes ainda são fatores-chave que limitam os esforços de prevenção e tratamento da surdez.

Alguns comportamentos podem ser adotados para ajudar a prevenir perdas auditivas, tais como evitar exposição a ruídos intensos, não usar cotonetes nos ouvidos e tratar otites de maneira adequada. Em casos para os quais não há forma de prevenção eficaz, como alterações genéticas e o envelhecimento, o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença.

Quando negligenciada, a perda auditiva tem graves consequências a nível físico, emocional e social dos indivíduos afetados. Citam-se algumas delas:

  • 1. Problemas na saúde mental: a dificuldade na comunicação gera isolamento social, frustração e irritabilidade, aumentando o risco de ansiedade e depressão.
  • 2. Desenvolvimento cognitivo: em crianças, pode levar a dificuldades na aquisição de linguagem e baixo rendimento escolar.
  • 3. Segurança: aumento do risco de acidentes ao não ouvir alarmes de incêndio, buzinas de carros ou avisos de perigo.
  • 4. Impacto na carreira profissional: diminuição do desempenho no trabalho, limitando as oportunidades de emprego e o progresso em carreiras.
  • 5. Déficit cognitivo: em idosos, a perda auditiva não tratada tem sido fortemente associada a um maior risco de declínio cognitivo e até mesmo demência.
  • 6. Longevidade: estudos recentes têm apontado que a reabilitação de uma pessoa com perda auditiva aumenta de maneira significativa sua expectativa de vida.

 

Com os grandes avanços médicos e tecnológicos ligados à área nas últimas décadas, podemos dizer que atualmente existem opções terapêuticas para quase todos os tipos de perda auditiva, e para pessoas de qualquer idade. As maiores limitações podem acontecer nos casos em que o diagnóstico é tardio, e o indivíduo sofreu um longo período de privação auditiva. Quando mais cedo é iniciada a reabilitação, melhores são os resultados obtidos.

Portanto se tens dúvidas em relação à sua audição, aconselha-se procurar ajuda especializada o mais cedo possível. Uma avaliação realizada por Otorrinolaringologistas e Audiologistas é fundamental para a indicação do tratamento mais adequado.

Cuide da sua audição e viva melhor!

Dr. Márcio Meira Lima – Otorrinolaringologista