Outubro Rosa

Cancro da Mama: O Rastreio Salva-Vidas!

O cancro da mama (CM) hoje em dia ainda é uma questão de saúde pública no mundo. Números crescentes de novos casos e de mortes são observados tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Na Europa, verificou-se 530.666 novos casos de CM em 2020, estimando-se um aumento para 546.499 em 2025 (+3%); ocorreram 141.672 mortes e espera-se 148.822 mortes nos próximos 4 anos (+5%). Em Portugal, foram diagnosticados em 2020, 7.041(11,6%) e prevê-se um aumento de 1,8% (7.170) em 2025, com mortalidade de 1.864 em 2020 e 1.963 (+5,3%) em 2025.

Sabe-se que o cancro de mama é a segunda causa de cancro em Portugal, sendo nas mulheres o tipo mais comum (excetuando o cancro de pele) e nos homens representando cerca de 1% de todos os cancros da mama. É uma doença com um impacto muito importante na sociedade, não só por ter uma frequência elevada, mas por representar uma agressão à imagem de um órgão cheio de simbolismo na maternidade e na feminilidade.

Por ser uma doença multifatorial, já estão identificados vários fatores que aumentam o risco de desenvolver o cancro da mama, no entanto a presença de um ou mais fatores não significa que o cancro irá aparecer, assim como a ausência não elimina o risco. Inclusive a maioria das mulheres que desenvolvem cancro da mama não tem história familiar importante, nem fortes fatores de risco.

Entre os principais fatores de risco verifica-se: o sexo feminino; a raça, que ocorre com maior frequência em mulheres caucasianas (brancas); história pessoal de cancro na mama aumenta o risco de cancro na mama contralateral; história familiar, com mulher com familiares de primeiro grau com cancro de mama, como a mãe, irmã ou filha; predisposição genética, com a presença de mutação no gene BRCA 1 e 2 ( mulheres que possuem vários casos de cancro de mama e/ou pelo menos um caso de cancro de ovário em parentes consanguíneos, sobretudo em idade jovem, ou cancro de mama em parente homem, podem ter predisposição hereditária e são considerados de risco elevado para a doença); primeira menstruação em idade precoce, antes dos 12 anos, ou menopausa tardia após os 55 anos; as mulher mais velhas têm maior risco pelo acúmulo de exposição ao longo da vida e as próprias alterações biológicas do envelhecimento; uso de anticoncetivos orais; uso de terapêutica de substituição hormonal; exposição prévia a radiação ionizante como a realização de radioterapia no tórax em idade jovem; primeira gestação acima dos 31 anos, assim como a nuliparidade; obesidade, uma vez que a elevada gordura corporal aumenta a produção de alguns hormônios femininos, como os estrogénios; sedentarismo; consumo de álcool.

A exposição a determinadas substâncias e ambientes, como agrotóxicos, benzeno, campos eletromagnéticos de baixa frequência, campos magnéticos, compostos orgânicos voláteis (compostos químicos presentes em diversos tipos de matérias sintéticos ou naturais), também estão associados aos fatores de riscos ambientais.

A doença pode apresentar-se com sinais e sintomas muito variados, no entanto algumas mulheres podem não apresentar nenhum sinal e a doença ser detetada apenas nos exames de rotina. É importante que cada mulher conheça suas mamas, sem tabus e tenha o hábito de palpar para poder reconhecer alterações que possam alertar o médico. Nas mulheres que ainda apresentem a menstruação regular, que chamamos de período fértil ou pré-menopausa, a melhor época para procurar alterações nas mamas será alguns dias após a menstruação, quando as mesmas já estarão menos inchadas. Já nas mulheres que não tem mais o ciclo menstrual ou em pós-menopausa, podem fazer o autoexame da mama a qualquer altura do mês.

Drª. Rosa Vallinoto

Médica Oncologista CSSMH