Ouvir e Perceber
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Ouvir e Perceber
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Para além de ouvir precisamos de perceber e só assim podemos comunicar.
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A capacidade de comunicar de forma eficaz usando a fala assenta em várias etapas que vão desde perceber com precisão o que nos dizem a conseguir comunicar de forma inteligível os nossos pensamentos usando ferramentas apropriadas no contexto do discurso.
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- Este processo pode ser dividido em três fases:
º A fase sensorial, quando o som é detectado e transformado num sinal elétrico.
º A fase perceptual, em que o sinal eléctrico é transformado num código neural. Este código neural é exclusivo do estímulo auditivo e perfeitamente distinguível de outros estímulos que também desencadeiam atividade neural. Contudo, em si esta atividade não tem significado semântico.
º É na última fase, fase representativa que é feita a interpretação semântica do estímulo sonoro, o que é que o som quer realmente dizer.
Resumindo, primeiro temos de detectar que se trata de uma comunicação oral para depois discriminarmos os diferentes sons dessa comunicação e finalmente atribuir-lhes significado.
Às últimas fases chamamos processamento auditivo central. Ele permite preservar, refinar, analisar, modificar, organizar e interpretar informação com origem no sistema auditivo periférico.
Para que tais tarefas sejam possíveis são necessárias várias ferramentas: a discriminação auditiva, o processamento temporal e o processamento biaural (localização e lateralização sonoras).
- Estas ferramentas podem falhar e aí temos um défice do processamento auditivo central (PAC). Isto pode ocorrer na criança ou no adulto e pode manifestar-se como uma:
º Dificuldade em perceber a linguagem falada em ambientes ruidosos ou com várias pessoas a falar ao mesmo tempo;
º Necessidade de pedir várias vezes para repetir;
º Respostas ao discurso inconsistentes ou inapropriadas;
º Dificuldade em compreender e seguir um discurso rápido;
º Dificuldade em seguir comandos ou direções complexas transmitidas oralmente;
º Dificuldade em aprender canções ou lenga-lengas;
º Dificuldade em aprender uma língua nova.
Estes são alguns exemplos cuja incidência varia consoante o grupo etário.
Estes exemplos não são exclusivos das alterações do PAC. E estas podem acompanhar outras patologias.
Quando avaliamos a audição destes doentes através de uma audiograma os resultados vão ser normais. Isto é, ouvem bem uma vez que o problema é o processamento do estímulo auditivo.
As causas são variadas. Na criança a mais frequente é a privação auditiva secundária a doenças do ouvido médio como otites médias agudas recorrentes ou otites serosas crónicas enquanto que no adulto são as doenças neurológicas e as alterações do funcionamento do processamento auditivo relacionadas com a idade.
O diagnóstico e tratamento são necessários quando a sintomatologia interfere com a qualidade de vida do doente.
O objetivo do tratamento é proporcionar ao doente a capacidade de comunicar de forma mais efetiva no contexto do seu dia a dia. O tratamento é interdisciplinar com a intervenção do otorrinolaringologista, do audiologista e da terapeuta da fala.
Drª Carla Cardoso
Otorrinolaringologista CSSMH
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