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Cuidados do Nutricionista da Casa de Saúde São Mateus

Intervenção Nutricional

A alimentação é uma das maneiras de assegurar a preservação da saúde, caracterizadas pelo consumo equilibrado dos diferentes nutrientes.

Neste contexto, cabe ao nutricionista a missão adequar e supervisionar as dietas mais adequadas a cada utente, especialmente em casos de tratamento ou internamentos. De forma sistemática é efetuado um acompanhamento dos hábitos alimentares dos utentes.

Para a instituição das dietas alimentares, existe articulação com outros profissionais da área clinica, sendo consideradas as suas recomendações, considerando que é comum que a dieta contenha algum tipo de restrição, ou no outro extremo, certos casos de aumento de energia nutritiva e ou incentivo ao consumo de determinado nutriente.

Além de ser assegurado que as refeições consigam colmatar as necessidades específicas de cada utente, existe o cuidado de conseguir preservar o sabor da comida, a fim de estimular a pessoa assistida a seguir a dieta adequada corretamente.

Na CSSMH, o Nutricionista é um profissional diferenciado que atua nos vários serviços, nomeadamente nos internamentos e apoio geral. A sua atividade tem que ser flexível, numa lógica de eficiência e numa cultura de objetivos, pois interage direta ou indiretamente com os profissionais de saúde do hospital. A atividade clínica desenvolve-se fazendo a avaliação e orientação nutricional em todas as valências clinicas do internamento e consulta externa. A supervisão do cumprimento da terapêutica nutricional requer um contacto direto com a equipa médica, de enfermagem e com os serviços farmacêuticos e de alimentação, podendo este último merecer a sua coordenação. É um consultor, em matéria de nutrição e alimentação na instituição, dinamizando e participando na formação dos outros técnicos. Enquanto responsável pelo serviço de alimentação, organiza, planeia e avalia todo o suporte orgânico do serviço, adequação de recursos e promove todos os requisitos necessários ao sistema de segurança alimentar de todo o hospital. A alimentação institucional hospitalar deve ser terapêutica, nutricionalmente e culturalmente adequadas aos utentes a que se destina.

O ato de comer está associado a uma variedade de fatores – saúde, socio- culturais, psicológicos e ambientais. Assim a manutenção de um bom estado nutricional é o resultado da intervenção de todos estes fatores. Nos últimos anos uma série de estudos (OMS – Direito á saúde) têm alertado o mundo desenvolvido, para fatores alimentares específicos, com íntima relação com as principais causas de morbilidade e mortalidade, principalmente doenças crónicas e degenerativas caso das doenças cardiovasculares, alguns tipos de cancro, diabetes, obesidade. Existem, também recomendações da Direção Geral de Saúde, relativas a alimentação saudável, que devem estar subjacentes á elaboração de qualquer regime alimentar, nomeadamente nos estabelecimentos que prestam cuidados de saúde. Neste enquadramento e nomeadamente na unidade de convalescença da CSSMH são adotadas as mesmas recomendações. Sendo que, no quadro das Unidades de internamento da rede, para além destas recomendações, é objetivo manter um estado nutricional adequado, particularmente, no caso do idoso em que existem fatores que podem condicionar má nutrição, nomeadamente relacionadas com os aspetos fisiológicos do envelhecimento associado a certas doenças, fármacos e interações. A intervenção na unidade de Convalescença, tem como objetivo promover um estado nutricional adequado, prevenindo perda de peso e desidratação, bem como instituir medidas corretivas, fazendo parte do tratamento e recuperação nas enfermidades destes doentes.

Rastreio e Avaliação do Estado Nutricional

Identificação do risco de desnutrição e desidratação; Implementação de medidas que previnam o declínio nutricional; reavaliação do plano de intervenção. A avaliação do risco nutricional, é o processo de identificação de fatores biológicos ou ambientais majores do indivíduo, associados a problemas nutricionais, que influenciam negativamente a evolução clínica. O rastreio e a avaliação do estado nutricional de um indivíduo podem ser realizados utilizando um conjunto de medidas e instrumentos como a Avaliação Global Subjetiva, medições relativamente simples da altura e peso (em conjugação com o Índice de Massa Corporal) até escalas especificas de avaliação. Os parâmetros antropométricos que possuem um valor preditivo superior são o peso, a prega cutânea tricipital e a circunferência muscular do braço. A percentagem de perda de peso é o indicador antropométrico mais comummente usado. O registo do peso do paciente deve seguir um protocolo específico, onde o indivíduo é idealmente pesado à mesma hora do dia utilizando a mesma escala com um intervalo de peso apropriado. Se possível, o registo de todas as medições de peso deve ser efetuado pelo mesmo profissional. Após avaliação, os indivíduos nutricionalmente comprometidos devem ter um plano de suporte apropriado e/ou suplementos que respondam às necessidades individuais e que seja consistente com os objetivos gerais da terapêutica. Assegurar a ingestão de uma dieta adequada que previna a desnutrição, desde que seja compatível com as expectativas individuais ou condição do indivíduo. O estado nutricional deve ser reavaliado periodicamente, seguindo um plano de avaliação individualizado que inclua a data de avaliação. A frequência da avaliação deve ser baseada nas condições da pessoa e deve ocorrer na sequência de eventos específicos que possam alterar o estado nutricional. Deve ser tido em consideração que quando os indivíduos estão desnutridos os efeitos da alimentação e/ou dos suplementos podem não ser imediatamente visíveis. Poderá haver necessidade de uma intervenção anterior por forma a promover um restabelecimento das reservas já esgotadas. As consequências da imobilidade são frequentemente vistas como o principal fator que predispõe ao início do desenvolvimento das úlceras de pressão, mas é também sabido que existe uma relação causal entre a nutrição e o desenvolvimento das úlceras de pressão.

Uma intervenção nutricional bem-sucedida pode também ser marcada pela redução na incidência de novas úlceras de pressão e pela cicatrização das já existentes. Quando os indivíduos têm úlceras de pressão graves (Grau 3 e 4) a equipa multidisciplinar deve ter em consideração o seu dispêndio de energia basal e prestar particular atenção ao aumento da perda de fluidos através das feridas. A desidratação deve ser entendida como a perda de água corporal que causa sinais e sintomas incluindo declínio funcional. A monitorização da hidratação deve incluir avaliação ou alterações: Ingestão de líquidos, Nível de consciência, Estado mental, Volume de urina, Alterações súbitas de peso.

Intervenção Nutricional

Quando a avaliação ou rastreio do estado nutricional indica que a desnutrição pode estar presente, deve ser considerada uma intervenção nutricional. O objetivo primário da intervenção nutricional é geralmente corrigir a desnutrição proteico-energética, de preferência por via oral. Deve avaliar-se e tratar co morbilidades que contribuem para risco de malnutrição Deve adequar-se a alimentação às necessidades nutricionais tendo em conta a idade, sexo, patologias, condição funcional e nível de atividade motora. Entender a alimentação como necessidade básica de suporte de vida, mas também como atividade de prazer, indo ao encontro das preferências e desejos individuais, salvaguardando as restrições alimentares impostas por patologias ou disfunções orgânicas, e procurando sobretudo nos cuidados de longa duração manter o atrativo e a diversidade de apresentação. Quando existem algumas limitações na ingestão normal de alimentos e líquidos, deve avaliar-se o ambiente local, como a acessibilidade aos alimentos, questões funcionais e sociais bem como a textura da dieta. Alterações nestes aspetos podem encorajar ou facilitar a ingestão oral. O objetivo global deve ser o de considerar a qualidade e a densidade energética dos alimentos ingeridos, mais do que a quantidade. Considerar que a quantidade de fluidos ingeridos é tão importante como a qualidade. Onde não for possível promover uma alimentação normal, pode estar indicado o uso de suplementos orais ricos em proteínas e energia. Quando a alimentação normal e os suplementos orais falham na resolução da desnutrição, devem então ser utilizadas outras vias (por exemplo alimentação por sonda), tendo em consideração os riscos associados a estas intervenções. A apresentação da comida e a assistência na refeição são fatores que contribuem para maior motivação do utente para a ingestão. Devem ser consideradas as preferências do utente, o paladar da comida, a temperatura a que é servida, o ambiente da refeição deve ser calmo e confortável, bem iluminado, com temperatura adequada, ter apoio dos cuidadores, ter companhias compatíveis, ter assistência rápida. A existência de ementas alternativas, melhora a apetência para a refeição. Devem ser fornecidas refeições intermédias e líquidos no intervalo das refeições. Deve ser promovida a ingestão de líquidos diariamente, em intervalos regulares salvo contra indicação. Os suplementos nutricionais que sejam necessários fornecer, devem ser administrados no intervalo das refeições.

O planeamento dietético individualizado é essencial para a manutenção de um bom estado nutricional.

O Nutricionista, na sua área de saber, desempenha um papel integrador e de proximidade com a comunidade.

Dr. Helder Almeida

Profissional de Saúde, Nutricionista na CSSMH