Medicina Osteopática

A complementaridade em Unidades Hospitalares de Excelência!

Pensar na Osteopatia como uma medicina Complementar ou Alternativa foi algo que durante anos não me ocorreu! Pelo menos, até integrar a Unidade de Saúde Hospitalar- Casa de Saúde São Mateus.

Afinal de contas, o importante parecia ser a busca de bons resultados para os utentes, o melhor tratamento a melhor formação e isso parecia bastar; mas como sabemos exatamente o valor do nosso trabalho?

Eventualmente, devemos avaliar o que oferecemos ao mundo, embora pareça ser lógico continuar a faze-lo independentemente do seu valor.

Podemos nunca conhecer o verdadeiro valor dos nossos esforços ou, talvez seja simplesmente sempre cedo de mais para o sabermos na sua essência, se o que fazemos é suficientemente bom, completo e se existem outras possibilidades que nos conduzam à busca de mais e melhor!

Mas valerá sempre a pena pensar…

Será que sozinhos conseguimos aquele tão desejado efeito de conseguir um resultado positivo, eficaz e seguro para os nossos utentes? Fazer mais e melhor? Fazer a diferença?

Sabemos que é difícil atingir a perfeição, mas fazer o possível, melhorar e tentar oferecer aos nossos pacientes o melhor, parece-me ser o ponto onde devemos “focar a Lupa”.

Marcar uma página na história da Osteopatia parece significar trabalhar diariamente com dedicação e amor para ajudar os meus pacientes e isso é o suficiente para perceber que cada utente é um ser único que deverá ser avaliado como um todo de forma personalizada, rigorosa, criteriosa, segura e abrangente.

Então isso não significa necessariamente resolver todos os problemas, mas poderá significar que quando nos debruçamos sobre nós próprios e sobre o conteúdo do nosso trabalho, somos muitas vezes levados a acreditar que as mudanças são possíveis, que elas deverão existir e  ser construtivas e que as histórias profissionais têm origem na nossa experiência pessoal, mas sem dúvida muito e também na vida dos outros, especialmente daqueles com quem nos cruzamos ao longo do percurso sejam utentes ou outros profissionais.

É por isso que na Casa de Saúde São Mateus, falamos de uma única forma de praticar Medicina em que não existem incompatibilidades, mas sim sinergias.

Medicina Convencional e Osteopática não são incompatíveis, não são avessas e a última não é, na minha humilde perspetiva, alternativa, mas sim complementar (ainda que estes termos – Alternativa e Complementar- possam ser usados de forma intercambiável, referem-se a conceitos diferentes), e os utentes são os principais beneficiados desta relação de complementaridade.

Por definição, e segundo o National Center for Complementary and Alternative Medicine, Medicina Alternativa, refere-se ao uso de uma abordagem não convencional, tradicional ou não, no lugar da Medicina Convencional. Medicina complementar refere-se ao uso de uma abordagem não convencional em conjunto com a Medicina Convencional. (NCCAM,2013).

Pode afirmar-se que a Medicina Complementar, seguindo uma linha de saúde holística e de acordo com a especificidade de cada caso, poderá ser complementar na terapêutica a aplicar em consonância com a visão da Medicina Convencional/Alopática.

Quanto a mim, o fundamental é a correta avaliação de cada caso e a perceção do que pode ser a melhor e mais eficiente abordagem; vejamos: a medicina Convencional poderá ter primazia, por exemplo em estados de crise, na chamada fase aguda da doença e a Medicina Complementar/não Convencional terá um papel muito importante na prevenção, no tratamento de fundo da patologia crónica multicausal e/ou quando a medicina convencional é imprescindível, mas pretende-se atenuar os efeitos secundários da sua utilização.

O ideal, é o trabalho que se desenvolve de forma conjunta, com foco no mais importante: os nossos utentes! Eles são os grandes favorecidos deste complemento.

O andar de mãos dadas, permite que cada caso seja devidamente analisado e explorado no sentido de obter uma resposta mais efetiva, mais aperfeiçoada para as múltiplas etiologias de cada situação clínica.

Este ideal, significa a implementação de uma postura mais abrangente de saúde, doença e terapêutica, que extrapola o procedimento médico centrado no aspeto meramente físico e mecanicista do corpo humano. Refere-se a uma postura centrada numa perspetiva ampliada de saúde, que considera os aspetos sociais, culturais e emocionais do ser humano, e que exige necessariamente uma abordagem multidisciplinar.

Nas equipas multidisciplinares existe uma inter-relação entre os diferentes profissionais envolvidos, os quais consideram o doente como um todo, numa atitude humanizada e numa abordagem mais ampla e resolutiva do cuidado.

Na construção de caminhos que visam abarcar a eficácia e a qualidade na área da saúde, vários estudos têm demonstrado significativas limitações na abordagem unidirecional e fragmentada de qualquer vertente, ressaltando a importância dos múltiplos fatores envolvidos e de uma visão global e integral, seja na prevenção, no diagnóstico, na intervenção/tratamento, seja na reabilitação dos doentes.

A abordagem integral dos doentes/família é, desta forma, facilitada pelos olhares dos distintos profissionais que compõem as equipas multiprofissionais da Casa de saúde São Mateus e que atuam na dinâmica do trabalho em saúde.

Na minha opinião, uma equipa, verdadeiramente multidisciplinar, auto constrói-se progressivamente, e cresce como um conjunto harmonioso e evidentemente interessado não só na recuperação do doente, mas também no crescimento, em todos os sentidos, dos colegas que “juntos” constituem esse grupo de trabalho.

Neste contexto, é categórica uma atuação profissional segundo uma visão integral das informações e acontecimentos, adotando a totalidade do conhecimento, o diálogo, o intercâmbio de informações e a comunicação aberta; como forma de criar novos conhecimentos e possibilidades a favor dos objetivos comuns traçados no quotidiano de trabalho.A velha máxima de que juntos seremos mais fortes impõe-se, dá corpo a cuidados de saúde integrativos em que se combinam abordagens convencionais e complementares por forma a aprimorar os serviços a serem prestados no conjunto amplo e complexo das ações na área da saúde em prol de uma só premissa: medicina centrada no utente!

Dra. Elisabete Lourenço

Drª. Elisabete Lourenço

Profissional de Saúde, Osteopata na CSSMH