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Osteoporose – Quando os ossos enfraquecem…

Prevenir e estar atento à doença

A osteoporose é uma doença reumática que se caracteriza por perda da massa óssea e deterioração progressiva da micro-arquitectura do osso, tornando-o assim mais vulnerável a fracturas, incluindo fracturas de baixo impacto ou mesmo fracturas espontâneas. Em Portugal, em 2011-2013, estima-se que a osteoporose afectasse já 10,2 % da população. Esta doença afecta maioritariamente mulheres após a menopausa e homens com mais de 65 anos e, dada a sua elevada prevalência e impacto na população, constitui um importante problema de saúde pública. Quando não adequadamente tratada é causa de fracturas condicionando sofrimento, perda da qualidade de vida, redução da capacidade de mobilidade e está associada ao aumento do risco de morbilidade (aumentando risco de outras doenças como infecções e doenças cardiovasculares). Está também associada ao aumento do risco de mortalidade – o risco de mortalidade a 1 ano num doente com fractura da anca é de 12%. A osteoporose constitui um importante problema de saúde pública devido aos elevados custos económicos e sociais consequentes às fracturas, ao seu tratamento e às limitações, sequelas e reabilitação consequentes. Estima-se que ocorram 40.000 fracturas osteoporóticas por ano em Portugal, incluindo 10.000 fractura da anca. A título elucidativo, em 2011 em Portugal, estima-se que o custo social directo apenas com fracturas da anca tenha ascendido a mais de 216 milhões de euros.

A massa óssea de cada indivíduo vai necessariamente decaindo ao longo da vida e de forma progressiva após os 30-40 anos. Essa queda acelera, mais tarde, nas mulheres após a menopausa e nos homens após os 65 anos. Esta maior queda na massa óssea é condicionada por alterações hormonais associadas ao envelhecimento, entre outros factores. O pico de massa óssea do indivíduo ocorre cerca dos 18-25 anos sendo a sua perda posterior influenciada por diversos factores para além do factor idade, como o estilo de vida pouco saudável, alimentação pobre em cálcio, falta de vitamina D, sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool e algumas doenças ou medicamentos. Assim sendo, a prevenção da osteoporose deve começar na infância e adolescência pois quanto maior for o pico de massa óssea atingido, menor será o risco futuro de osteoporose. Crianças e jovens deverão ter uma alimentação rica em cálcio, praticar desporto, brincar ao ar livre com exposição solar e evitar o consumo de álcool e tabaco. Os hábitos de estilo de vida saudáveis deverão pautar toda a vida do indivíduo. Desta forma, reduzimos de forma muito significativa o risco de virmos a ter osteoporose. É importante relembrar que a osteoporose, por si só e enquanto doença, não causa dor. A dor só surgirá caso ocorram fracturas ou micro-fracturas vertebrais, que poderão ser responsáveis por dores nas costas, por exemplo. 

Todas as mulheres e homens com mais de 50 anos deverão ser avaliados pelo seu médico quanto ao risco de osteoporose. Avaliações do risco de osteoporose para idades inferiores poderão também estar justificados em situações concretas de indivíduos portadores de outras doenças ou submetidos a medicações que aumentem o risco de osteoporose. Além desta avaliação de factores de risco para o desenvolvimento da doença poderão ter de ser realizados exames como análises, radiografias ou osteodensitometria óssea (o exame específico que mede a massa óssea). O que importa definir para iniciar tratamento é o risco de fractura a 10 anos no indivíduo concreto. Foi desenvolvida uma ferramenta de uso clínico, também validada para a população portuguesa, que se trata de um algoritmo que avalia o risco de fractura a 10 anos com base em diversos itens clínicos e/ou resultados da osteodensitometria (FRAX – Fracture Risk Assessment Tool). É com base na probabilidade do risco de fractura que se avalia a eventual necessidade de tratamento. Este instrumento de avaliação, de fácil e rápida utilização clínica, permite ao médico tomar decisões efectivas e fundamentadas quanto ao tratamento indicado para cada situação concreta.

No tratamento da osteoporose importa sempre salientar a imperiosa necessidade de se manter um estilo de vida saudável, realização de exercício físico com impacto (como correr ou caminhar) e que aumente a capacidade de equilíbrio, reduzindo assim o risco de quedas (como ioga e pilates, por exemplo). Caso a caso deverá ser equacionada a necessidade de medicação com cálcio e / ou vitamina D. Manter níveis sanguíneos normais de vitamina D é fundamental para a saúde do osso. Podemos também usar medicação específica como bifosfonatos (medicamentos orais ou de administração endo-venosa) que diminuem a reabsorção óssea e reduzem a perda de massa óssea ou mesmo medicamentos que aumentam a massa óssea (como teriparatide, denosumab ou outros). As opções terapêuticas são tomadas caso-a-caso perante as características clínicas e situação concreta do doente. 

É dever de cada um de nós zelar pela sua saúde óssea adoptando um estilo de vida saudável e praticando exercício físico. Importa educar crianças e jovens para que consigam atingir elevados picos de massa óssea com uma adequada alimentação e exercício físico desde a sua infância. É importante que médicos e população se mantenham alerta para a necessidade de avaliar o risco de osteoporose em todos os adultos com mais de 50 anos, e de forma muito particular nas mulheres após a menopausa e homens com mais de 65 anos. Desta forma, identificando e estudando concretamente caso a caso, deverá ser instituído o tratamento adequado ao indivíduo em concreto, reduzindo o risco futuro de fractura, actuando assim em termos preventivos e não apenas depois da ocorrência de fracturas. O principal objectivo nesta doença é actuar por antecipação evitando a ocorrência de fracturas e impedindo todo o impacto negativo por elas causado (tanto em termos individuais como em termos socio-económicos). Médicos e população deverão manter o constante alerta para a necessidade de avaliar concretamente caso a caso o risco de osteoporose e poder assim instituir as exigidas medidas de tratamento da osteoporose e prevenção de fracturas!

Dr. Paulo Monteiro - Reumatologia

Drª. Paulo Monteiro

Médico Especialista e Consultor em Reumatologia

Clínica de Reumatologia – Casa de Saúde S. Mateus, Hospital

Coordenador da Unidade de Reumatologia do Centro Hospitalar Tondela-Viseu, EPE

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