Sobre o Cancro da Mama…

A incidência e a mortalidade por cancro estão a aumentar em todo o mundo.

No sexo feminino, o cancro da mama é o mais frequente e a principal causa de morte por cancro. Considera-se que a probabilidade de uma mulher ter cancro da mama ao longo da vida é de 1 em 8 mulheres e a probabilidade de falecer por esta causa é de 1 em cada 33 casos.

A incidência de cancro da mama é mais elevada nas regiões da Europa ocidental, Austrália, Nova Zelândia e América do Norte e menor em África e Ásia. Estas diferenças entre países são devido a diferenças étnicas (o cancro da mama é menos frequente em mulheres asiáticas e hispânicas) e aos fatores de riscos inerentes a cada região.

Vários fatores de risco podem estar associados ao cancro da mama, contudo na maioria dos casos não é possível determinar um fator de risco especificamente relacionado. Os fatores de risco mais importantes incluem: género feminino (o cancro da mama no homem é raro, contribuindo para cerca de 1% dos casos), idade, história familiar, predisposição genética, menarca precoce, menopausa tardia, terapêutica hormonal de substituição, radiação, nuliparidade ou número baixo de filhos, idade avançada da primeira gravidez, não amamentação, elevada densidade mamária e história de hiperplasia atípica. A dieta ocidentalizada, obesidade, consumo de álcool e tabagismo também são fatores de risco que contribuem para a incidência do cancro da mama.

Existe um aumento na incidência do cancro da mama com a idade, sendo que apenas 25% dos casos de cancro da mama ocorrem antes dos 50 anos, e menos de 5% antes dos 35 anos de idade. Na Europa, a incidência de cancro da mama tem vindo a aumentar nas mulheres jovens (menos 45 anos).

A mortalidade por cancro da mama tem vindo a diminuir. Os principais motivos são a evolução no tratamento do cancro e a deteção precoce da doença através da implementação dos métodos de rastreio. Contudo, a sobrevivência por cancro da mama varia em todo o mundo desde 80% na América do Norte, Suécia e Japão; 60% nos países em desenvolvimento e abaixo de 40% nos países não desenvolvidos. Estas disparidades podem estar relacionadas com a falta de programa de rastreio, resultando num elevado número de mulheres com doença em estádio avançado à apresentação, assim como a falta de recursos para diagnóstico e tratamento do cancro.

A deteção precoce através do rastreio permanece como um ponto chave no tratamento deste tipo de cancro, pois cerca de 70 a 80% dos casos de cancro da mama em estádios iniciais são curáveis.

A mamografia é o exame de rastreio preconizado, sendo um exame custo-efetivo e acessível. Atualmente, segundo a Direção Geral de Saúde (DGS), a recomendação para rastreio de cancro da mama consiste na realização de mamografia cada 2 anos, nas mulheres, entre os 50 e os 69 anos.

O tratamento do cancro da mama consiste em cirurgia, com ou sem quimioterapia/radioterapia/hormonoterapia, de acordo com as caraterísticas do tumor, estádio da doença e condições de saúde/comorbilidades da doente.  

Ana Faria

Oncologista CSSMH